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Todo mundo tá transando mais do que eu?

Atualizado: 31 de mar. de 2020


Estima-se que desde que nossa espécie parou de viver em comunidades e foi morar em casas apenas com os familiares mais próximos e paredes mais espessas, que começamos a fazer suposições sobre a vida sexual de nossos vizinhos.


Na vida em comunidade, todo mundo sabia quem se relacionava com quem e com qual frequência. Com paredes e casas separadas, teve início a especulação e as pessoas passaram a se perguntar se os outros estavam transando mais do que elas.


A mídia e o modo como cada grupo fala sobre o assunto também possuem um papel fundamental nas inferências que fazemos sobre a vida sexual dos outros. Não apenas imaginamos que façam mais sexo, como achamos que estão fazendo sexo MELHOR e tendo mais satisfação sexual. Isso tem bastante a ver com nossas próprias expectativas acerca da sexualidade e com a falta de um diálogo honesto e vulnerável sobre tudo que a compõe.


É o que mostram os resultados de pesquisas como a The Online College Social Life Survey, realizada entre 2005 e 2011 em 21 universidades dos Estados Unidos, onde 72% dos estudantes relataram ter engajado em algum tipo de "hookup" pelo menos uma vez até o último ano da graduação, porém "hookup" é um termo abrangente de comportamento sexual para ser traduzido e pode significar diversos tipos de condutas. E entretanto, 40% dessas mesmas pessoas tinham "ficado" com três ou menos pessoas durante toda a graduação, sendo que apenas um terço dos estudantes tinha realmente feito sexo em seu mais recente encontro sexual.


Essa tendência à suposição conversa muito com nossos hábitos de comparação, hoje incentivados pelas mídias sociais: nelas, mostramos apenas a parte da vida que desejamos que seja vista e conhecida. O mesmo acontece com a narrativa sexual e com o que escolhemos ou não contar para os outros. Podemos falar dos três finais de semana em que fizemos sexo e deixar os outros 49 de lado. Do que as pessoas vão lembrar? Do que decidimos expor, preferencialmente com detalhes.


A verdade é que não temos como saber, realmente, sobre a vida sexual das outras pessoas além do que elas nos contam. E mesmo assim o relato não é tudo, porque ainda existe todo o mundo interno da pessoa e como ela realmente está se sentindo sobre tudo o que contou - e isso não tem como ser plenamente acessado.


Por isso, no que diz respeito à sexualidade, fica aqui o convite para colocarmos sempre em perspectiva as ideias que construímos sobre a realidade dos outros - e que o melhor a fazer é evitar especular e se comparar com eles. Estamos todos em uma jornada pessoal intransferível, que pode ou não ser parcialmente compartilhada com outras pessoas enquanto parcerias sexuais - mas que nunca será totalmente compartilhada porque o outro não tem como acessar sua subjetividade por completo. E que bom! Usufrua da sua liberdade de escolher e construir uma sexualidade verdadeiramente saudável para você, de acordo com seus próprios parâmetros, sem se medir pela régua alheia.

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